sábado, 30 de abril de 2011

O homem não é uma ilha, mas vive dentro dela


Muito me admira as situações cotidianas, muito me surpreende as relações humanas. Em muitos momentos, penso sobre como será o futuro de nossa espécie dentro dessa lógica utilitarista, consumista, efêmera, tecnológica e individualista que criamos.

No contexto atual do mundo pós-moderno onde as pessoas valem menos que qualquer papel-moeda e "o novo já nasce velho", a meu ver as relações pessoais se estabelecem num famigerado canibalismo. Os homens devoram-se friamente e o curioso, é que logo o homem um animal que insiste constantemente em abnegar essa sua condição de selvagem, pratica um ato que é pouco usado até mesmo pelos outros animais. No mundo animal um ser devora outro da mesma espécie somente em condições adversas, raras as exceções. Em nosso mundo racional é diferente, pois sonhos, desejos, vontades, dignidade, prazer e respeito são devorados ao longo do tempo por predadores vorazes em busca de saciarem a sua sede financeira. A lei da selva é "vencerá aquele que for o mais forte", já a lei do mundo civilizado está sendo "viverá aquele que conseguir suportar".

Estamos rodeados de pessoas que encontramos todos os dias e muitas vezes não sabemos nem o nome delas. Estamos rodeados de pessoas que conversamos todos os dias e muitas vezes só sabemos delas o que nos interessa, ou seja, nada. Nada parece nos interessar nas outras pessoas, afinal o colega ao lado não é nenhuma celebridade da televisão, então porque devemos saber de sua vida? Já temos problemas demais, pra que sabermos dos problemas alheios.

Preferimos conversar com o nosso eu pessoal, do que com os outros. Cruzamos com os outros como automóveis em uma avenida movimentada, cada um com um destino diferente. É um mar de gente, no qual estamos à deriva. Chega parecer que nem pertencemos a uma mesma espécie biológica, tamanho os desencontros. Nós, os únicos seres vivos na face da Terra que desenvolveram de maneira sublime a capacidade de se comunicar por meio da linguagem, abdicamos dela durante longo tempo de nossas vidas. Cada ser humano importa-se apenas com o seu mundo e parece que todas as pessoas que não fazem parte ativamente dele falam um outro dialeto, não deixando ser compreendidas e nem se importando com isso.

Num mundo aonde carinho, companheirismo, afeto, amor e amizade, se virtualizam e chegam mais rápido pela banda larga, um simples "bom dia" ou "boa noite" se torna mera obrigação, fruto das convenções sociais. Assim, nessa lógica se substituição do real pelo virtual, me pergunto se estamos abrindo mão de nossa essência ou se é a nossa essência que já não é mais a mesma? Que lógica é essa que parece não ter lógica? Até quando sustentaremos o egoímo e o individualismo? É possível construirmos uma sociedade equilibrada com pessoas tão individualistas e cada vez mais desequilibradas? Penso que deveríamos estar preocupados, entre outras coisas, com perguntas como: Quem são as pessoas que estão do meu lado? De onde vieram às pessoas que estão do meu lado? Pra onde vão as pessoas que estão do meu lado? E não somente com aquelas perguntas de sempre: Quem sou? De onde vim? Pra onde vou? Deveríamos tentar conhecer um pouquinho de cada ilha que cada pessoa próxima habita, pois assim quem sabe um dia, conseguíssemos transformar esse imenso arquipélago em um único continente.



 

4 comentários:

Simone Sendin disse...

Não dá nem pra comentar... MUITO BOM!!

Professor Fernando disse...

Obrigado amiga.

Anônimo disse...

Concordo cunhado... Mas é preciso q cada um de nós possamos sair da zona de conforto e nos movimentarmos numa luta para junto do povo. Sem o trabalho coletivo não existe mudança. Então vamos lá fazer o que será!!! Angela Borges

Anônimo disse...

Bom Dia!!!

O egoísmo pode ser considerado o mau do século...porém o mundo muda quando nós mudamos, então comessemos a nossa mudança!!!!

Dasfeia!!!!